- outubro 8, 2024
- Pr. Válter Sales
A cruz diz muito mais que duas peças de madeira, cruzadas, instrumento de tortura inventado pelos romanos, no ano 60 a.C., para punir escórias humanas.
O que de fato fala não é o objeto. É a intenção, o propósito, a ignomínia.
A cruz foi feita para nulificar a vida. Contudo, no caso especial de Jesus, não somente não foi o fim, senão o começo. O nulidade do propósito salvífico de Deus seria o não haver cruz como pagamento do maior delito: o pecado (Hb 9.11-18).
Mais tarde, João diria: “O sangue de Jesus, seu Filho nos purifica de todo pecado” (1Jo 1.7b).
Simbólica – a da cruz de Cristo – não é uma e uma coisa única. Há muito que se pode inferir desse fato, a um tempo, histórico e assombroso. Nenhum realismo é mais profundo, para efeitos eternos.
O Filho de Deus está morrendo na cruz do Calvário. É Deus morrendo? Não. É Deus se afirmando, vencendo a morte (1Co 15.54c-57).
Morrendo? Não. Destruindo, em seu poder finalizante, a nossa morte, consequente do nosso pecado pessoal (Rm 6.23). A cruz é assombrosa? Sim. Mas é o meio para a vida eterna. Logo, não é o fim.
A cruz é solidão – morre-se só, é a lei natural. Só? Não. Nós morremos com o Filho de Deus-homem, assim assumindo-se, em socorro de todos os homens (Rm 6.8-10; Lc 23,42, 43). É a resposta humana solidária com o sacrifício vicário.
A solidão da cruz evolui para uma relação efetiva, já aqui, e verdadeira na perspectiva da eternidade.
Não há chave hermenêutica mais abrangente para se entender o amor de Deus para conosco (Jo 15.13).
A cruz é afirmação. Para nós, cristãos, o “Eu Sou” do Antigo Testamento em nada difere do “Eu Sou” do Cristo: “Caminho, verdade e vida” (Jo 14.6).
A partir do julgamento e morte de Jesus, podemos construir “pontes” e transitar a vida por elas. É o testemunho (1Co 11. 24c, 26b).
“Até que ele venha”. Os braços, não os da cruz, mas os de Jesus, permanecem estendidos e sempre acolhedores.
