- outubro 21, 2024
- Pr. Válter Sales
Para Deus não há surpresas. Tudo o que aconteceu ao longo da História, e o que ainda acontecerá; tudo, literalmente tudo, é abarcado por sua presciência e por seu controle. Tudo se contrapõe a imediatismos precoces e a apocaliptismos insustentáveis.
Podemos não entender bem e, de fato, não entendemos; mas não devemos ignorar que o controle da História continua nas mãos do Todo-poderoso. Não é isto uma questão de fé? Fé, tem-na quem vê Deus como Deus.
As negativas humanas; suas fugas, traições, heresias, desvios, apostasias; o que hoje vemos, seja de anônimos ou de figuras proeminentes, nada escapa à percepção e ao juízo divinos (2Tm 3.1-9).
O que prometemos e não cumprimos; subterfúgios, tangentes, sofismas, a negação da fé, as dúvidas impostas à Revelação de Deus em Sua Palavra; nada surpreende e nada passará sem o devido julgamento divinal.
Inconsequentes, os próprios discípulos incorreram nesses nada incomuns desvios. Promessas, votos solenes e sentidos de fidelidade absoluta, mesmo com o custo da própria vida (Mt 26.3335). Nada na esfera humana, convenhamos, é de pleno convencimento.
Ainda que seus companheiros de discipulado se escandalizassem com Jesus, disse Pedro, “eu não”. Assim, de forma peremptória e um tanto arrogante, no que foi seguido por todos (Mt 26.33, 35c).
O que não seria surpresa para Jesus, logo aconteceu, após sua prisão (Mt 26.56b). “Todos, deixando-o, fugiram”. O que parecia inarredável cumplicidade, de pronto inverteu-se. A solidão foi uma das marcas do seu pastoreio.
No julgamento perante o Sinédrio, Pedro negou-lhe fidelidade (Mt 26.69-74). Depois, “chorou amargamente” (75). Pedro é uma prefiguração humana…
Mas eu não quero pensar nesses fatos apenas como dados históricos, irrepetíveis como tais. A História repete-se; senão como fatos, repete-se como reflexos e como lição. A História distende-se, por vezes, como realidade escatológica, já agora (Lc 18.8b).
A incumplicidade pode, hoje, afetar-nos de alguma forma. Necessário é que suplantemos os devaneios da religiosidade e do ensimesmamento.
Deus em sua fidelidade dá-nos sempre uma segunda oportunidade. Há uma carta a nós hoje endereçada, que precisa ser lida e relida (Ap 2.4, 5).
Todo dia é tempo oportuno na benevolência do Pai.
