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Irregular, sob vários ângulos, o julgamento do Justo Jesus de Nazaré. Não era, a rigor, o julgamento de Deus (Jo 8.46a). A tradição judaica não o permitia como ocorreu, em se tratando de “julgamento de pena capital”. Era, o caso, um delírio da maldade e uma ironia da história. 

À sanha assassina não interessam os trâmites legais. Importa, sim, tirar Jesus de cena. Ele incomoda! (Mt 21.23). 

O julgamento foi realizado na casa de Caifás, o sumo sacerdote, onde Jesus foi zombado e surrado. Não ocorreu num tribunal (Mt 26.57). 

Fora do templo e durante a noite; mas a luz tudo manifesta. Não convêm as evidências; trata-se de um justo. Quanto mais tergiversações, melhor. A verdade costuma desnortear a injúria. 

Foi rápido, mas o suficiente para revelar a real face humana. Seria ao longo de dois dias, mas havia pressa! Quão denunciante é a História! Quão enérgica é a verdade iluminada por si mesma! Nada se lhe escapa nem se fecha num momento. É, assim, Venturis ventis, “para os ventos vindouros”.

Os processos teriam de tramitar em “´recinto público ou ´casa quadrada`”, à vista de todos, para não haver suspeita; mas tudo se fez à noite, com uma pressa calculada; e na Páscoa, em plena data festiva. A lei estabelecia que teria de ser durante o dia, e não em dias festivos. 

Não consta que tenha havido uma lavratura de processo. Buscavam-se testemunhas às apalpadelas, quaisquer que fossem, isso também não importava. Foi um “linchamento institucional”… 

Jesus não teve direito a advogado de defesa. Simplesmente foi escorraçado, como um animal, uma escória da sociedade. O ódio queria apenas eliminá-lo. O rito é sumário. O modus faciendi, secundário. 

O Filho de Deus foi julgado em dois tribunais: o Sinédrio, que era um tribunal religioso; e Pilatos, um tribunal político. A política acusou-o de sedição e de incitar o povo a sonegar impostos a César (Lc 23.5; Mt 22.21). E a religião? De blasfêmia (Jo 5.18b; 10.30). 

O libelo de morte saiu entre 6 e 9 horas da manhã. A crucificação, algum momento depois. Às três horas da tarde, Jesus expirou. 

Há um julgamento moral e legal em que Deus pode habitar com o seu povo, ao tempo em que as ofertas são queimadas. Tudo muito real e muito cruel.