- novembro 1, 2024
- Pr. Válter Sales
Evasivas na vida não são solução para dramas existenciais. Não são retomada de processo ou redescoberta de rumos.
A regressão do Apóstolo Pedro, no que foi seguido pelos demais (o caminho mais fácil), não traduziu suas disposições anteriores.
Atitudes que nos afastam da realidade não ajudam. São, quase sempre, tangentes, que nos fazem desvanecer inda mais. Reações indômitas são perigosas; não raro, ilusórias.
“Vou pescar” – revela o que, por vezes, somos e fazemos. Não é bom reflexo, nem aferidor de sábio proceder. O agir intempestivo, circunstancial, pode redundar em consequências pouco apreciadas. Revisitar o “eu” será sempre de todo indicado.
O agir “em cima da fumaça da pólvora” pode até funcionar como desabafo; esvazia, tão só. Não é definidor de adequados rumos. É um equívoco, de que depois virá o arrependimento.
É nesta perspectiva que o mestre Merval Rosa asseverava: “Nós construímos nossos próprios arrependimentos”. Dar-se-ia o caso de “arrepender-nos” de algo que gostaríamos de conseguir e o não conseguimos? Bom seria… (Sl 138.8; Jr 29.11; Jo 13.7). Mas o arrepender-se, de fato, sempre o atrelamos ao que fazemos indevidamente. Não consumado, faz-se inútil.
Vem à tona a ética do falar. O que, de fato, nossas palavras expressam? Que sentido oculto e que conteúdo lhes emprestamos?
O mundo das comunicações (a mídia nutrida de incautos aplausos) está eivado – repito, eivado! – de palavras tendenciosas ou, não raro, desprovidas de apreciável caráter. Não se fazem de rogadas suas nefastas consequências.
Sábio o conselho de Tiago (2.12) – “Assim falai e assim procedei”. Sugestivo é que o falar se engasta na liberdade. Há de lastrear-se na verdade. A verdade liberta (Jo 8.32). Nunca estará livre aquele que falseia a verdade, pois sua demanda deletéria o acompanhará.
O “vou pescar”, de Pedro e seus companheiros, felizmente não se consumou no lago de Genesaré. Vemo-los pescando noutras águas (At 2.14-36), como bem lhes aconteceu até o fim da vida.
Algo mais a se considerar: nossas palavras nem sempre são definidoras da realidade que pretendem mostrar. Assim, reclamam corajosa avaliação ética.
Temos um compromisso moral com Deus e com os homens. Bem fazemos quando nos deixamos orientar pelos conselhos bíblicos (1Co 10.31; Cl 3.17).
O que passar disso aí, é pescar em lago errado.
