- novembro 4, 2024
- Pr. Válter Sales
No cenáculo celebrou-se uma ceia. Foi a última, na terra, de Jesus com os seus discípulos (Mt 26.29). Mais que os elementos de praxe, pão e vinho, ela transcende a Pessoa, a Presença.
A Pessoa presente é o fator preponderante. A ceia não faz sentido sem a grandiosidade do Ser, ali presente e se ofertando, o que, de fato, logo aconteceria no Gólgota. Ser nos seres – na oferta recebida.
A linguagem é metafórica quanto metafísica. Tem simbolismo muito forte! É um memorial a ser repetido, até à Parousia – parusia ou parúsia –, a segunda vinda de Cristo (1Co 11.26b). É como a pequenina semente que aponta para a grandeza do Reino de Deus (Mt 13.31, 32).
Nada será impossível para as “pequenas coisas”, na esfera divina.
A semente se oferta e se deixa enterrar. Isto é o que muitos não querem… É melhor “estar na crista da onda”, não no vale… É interessante ser visto, aplaudido, bajulado, como o queriam os fariseus denunciados por Jesus.
O Reino de Deus é o reino de quem se entrega, e nisto se basta.
A grande manchete é a de um corpo ensanguentado, morrendo numa cruz (Is 53.2-5, 7, 10, 12b). O desejo humano de parecer importante não combina com o Calvário, nem com o ministério da Igreja.
Na ceia, o pão é dado aos discípulos para ser distribuído, a fim de que dele todos comam (Mt 26.26, 27; 1Co 11.17-34). Não se encerra no cenáculo. O cálice tem o mesmo destino e propósito.
O verso 26, de 1Co 11, aponta-nos realidades outras. Fala-nos da presença física de Jesus, já em fins de seu ministério terreno; da Missão da Igreja e de Esperança, “até que ele venha”.
Não há espaço para “abastecimento” dos que vão a Deus para receber. A Ceia fala-nos da missão, do labor na Causa e de sacrifício. Não há margem para locupletação (1Tm 6.9-11). É muito “humano” querer engrandecer-se, usando como trampolim a Igreja de Cristo.
A Igreja instituída por Jesus é a que se investe no Reino de Deus – é o “corpo dado”, ofertado. Disso prestaremos contas (Ec 9.10a; Mt 21.40; 25.19; Rm 14.12; 2Tm 4.5).
Como indivíduos, como Igreja e como missão.
