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Do cenáculo, o que lá aconteceu, de concreto, como evidência; o que de lá decorre, como fato ou como possibilidade, reflexo ou projeção, desde que corrobore o contexto geral da Escritura, nada se faz como anacoluto – algo fora de sentido. 

O cenáculo não é ele só. É mais que mera inferência dos evangelistas, na dinâmica da inspiração concedida aos redatores dos evangelhos. 

O sangue simbolizado na cálice apontava para o sangue gotejado no madeiro desumano (humano não poderia ser, como desumana foi a tortura) onde Jesus foi pregado (Jo 19.17-22), no grego, stauros (“estaca de tortura”). 

A imagem do corpo ensanguentado é descrita por Isaías (53), em linguagem dramática, para muito além do que venha a ser captado, em nossa distância cronológica ou emocional. 

O sangue do Cordeiro não gotejou apenas na cruz, mas já no suplício a que o Filho de Deus foi submetido, tanto física quanto moralmente; com as chicotadas dos soldados romanos, sob Pilatos, e na humilhação de carregar a própria cruz. 

Os chicotes romanos (azorrague de três pontas), geralmente tinham em suas extremidades pedaços de ossos ou metais. Eram feitos para causar desmedido sofrimento. 

Já morto, um soldado romano, provavelmente o centurião Cássio, perfurou-lhe o peito com uma lança. Era necessário certificar-se de sua morte. Já o sangue misturara-se com água (Jo 19.34). O sangue puro já fora derramado. 

Esplêndida é a teologia de João, ao falar do sangue que nos purifica (1Jo 1.9b). Ninguém se purifica com o que não seja puro. Ninguém será remido dos seus pecados a não ser pelo sangue do justo Jesus (Hb 9.22b). 

O que antes era simples prefiguração – “figuras das coisas que se acham nos céus se purificam com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais, com sacrifícios a eles superiores” (Hb 9.23). 

Os sacrifícios de cordeiros, no passado, eram transitórios. Jesus “uma vez para sempre (…) sem pecado”, com seu sangue derramado liberta-nos dos nossos pecados (Hb 9.28). 

Pedro, em emocionante relato, aponta para o Cristo de Deus. Fala-nos desse Cordeiro como o “Cordeiro imolado antes da fundação do mundo” (1Pe 1.18-20; cf. Hb 7.22-27), no que é referendado pelo Espírito através de João (Ap 13.8c). 

O que aqui se detecta é o empenho eterno do Deus Eterno visando salvar- nos dos efeitos da “queda”; com a promessa, a profecia, o anúncio e o nascimento do Salvador (Gn 3.15; Is 9.6; Mt 1.18-23; Lc 2.1-20). 

Há toda uma eternidade que nos cerca com a Graça de Deus!