- novembro 11, 2024
- Pr. Válter Sales
Sangue, suor e lágrimas misturaram-se na face de Jesus, na via dolorosa. Fadiga insuportável, até que chegou Simão Cirineu (Mt 27.32; Lc 23.26). O peso da cruz impôs quedas a Jesus.
A cruz dividida, no entanto, não aliviou o seu peso. Já fora assumida pelo Messias em sua vida.
Percorri a via dolorosa, como turista; sem cruz, sem peso, com a leveza de quem passeia… Tal experiência nos põe num conflito: é possível ser um cristão sem cruz?
O cirineu foi obrigado a carregar a cruz de Cristo. De alguma forma, ela deveria chegar ao Gólgota. Assumiu-a ele ao longo da vida? Não sabemos.
Cruz não assumida é cristianismo não vivido em profundidade. É, em tudo, contrário ao falso evangelho que hoje se prega – a fé declarada em troca de benesses. Não gera compromisso. As pessoas são “utilitárias”…
Suspeito de um culto de deleites – experiência hedônica? Isso pode ocorrer na música como na pregação. Vai-se a Deus pelo que seja agradável ou útil.
O culto é prestado a Deus, a quem devemos adoração, que é serviço. Não é uma experiência puramente diletante (Is 1.12-17; Am 5.21ss).
Hoje, preocupo-me com as implicações do cultuar o nome do Altíssimo. Isso envolve reflexão séria. Já me sinto velho para sensações epidérmicas…
O que seria caminhar com Jesus? E seríamos nós capazes de seguir-lhe os passos? Não nos fez Ele essa exigência? Note-se, a cruz faz parte dessa caminhada (Mt 16.24).
Paulo entendeu (Fp 1.29; Cl 1.24). Pedro, igualmente (1Pe 3.17; 4.13-15).
Suponho que deveríamos fazer uma revisão corajosa e séria da prática do culto (digamos de pronto, da arte do culto), diante dessa onda novidadeira que hoje se espalha pelo mundo religioso.
Há que se cuidar muito da coerência do que fazemos para Deus. Há que se evitar improvisações. Há que se rechaçar certos festivais de religiosidade, feitos à revelia de uma reflexão coerente, no grau último. Coisa feita para embalar e auferir lucros…
Quando penso no quanto custou de renúncia ao Cristo de Deus e nosso implantar o cristianismo e edificar sua Igreja, desaponto-me com essa pantomima religiosa que hoje invade o mundo.
Um evangelho sem cruz é um evangelho sem Cristo. Não percorre a via dolorosa nem chega ao Calvário. De resto, não transforma vidas.
Onde tenciona chegar?
