- novembro 14, 2024
- Pr. Válter Sales
Por sua carga sinonímica, flagelo é uma palavra que, a rigor, não se aplicaria ao Rei do Universo. Mas aconteceu, com recheio caprichoso de ódio, pretensão política e paixão religiosa.
A tortura a que Jesus foi submetido é pintada em Isaías e nos evangelhos com cores muito fortes. Tanto que inapagáveis.
São expressões que denotam sofrimento, desprezo, rejeição, padecimento, enfermidade, dores lancinantes, aflição moral, ferimento, opressão, castigo, pisaduras, humilhação, Ele foi moído, (termos usados por Isaías, 53.3-7). Veja-se a via crucis – ditado medieval.
A horrenda morte de Jesus, na ignominiosa cruz, abriu para sempre as portas da Graça de Deus. Há no Templo de Deus um véu rasgado de alto a baixo, que não mais impedirá o contato humano direto com o Eterno (Mc 15.38; 1Pe 2.9b).
O rosto formoso das telas e dos altares em nada condiz com o verso 2 de Isaías 53 – “sem formosura, sem beleza”; nada “que nos agradasse”.
Aqui desponta uma questão que se nos cobra refletir bem: não valerá uma religião de aparências, de encantamento, aferrada ao que é superficial, efêmero.
Com tudo que dele se escreveu, 700 anos antes, e se cumpriu, conforme relatado nos evangelhos, resta-nos enxergar suas virtudes, em seu coração e em sua alma.
É pela fé que podemos visualizar o âmago do Senhor. E o que lá podemos ver? Misericórdia, paixão, tolerância, total desprendimento, obediência ao Pai, longanimidade, senso do tempo, poder, perdão – um amor que não tem medidas (Jo 9.4; 15.13).
Ah, se fôssemos corajosos o suficiente para inferir desses relatos o que têm de mais significativo! Decerto, o nosso cristianismo teria maior peso e maior eficácia.
Isaías começa o capítulo 53 com uma pergunta. Em 55.3ss, ele cobra uma resposta à graça oferecida.
No todo, quer-se uma caminhada objetiva pelo caminho certo. Uma vida religiosa menos esportiva e mais espiritual.
