- outubro 2, 2024
- Pr. Válter Sales
Cada lugar, espaço ou circunstância; cada momento circunstanciado em nossa agenda diária; toda e qualquer ação, no rol dos nossos labores ou negócios, podem constituir-se em um “cenáculo”, como adequado à comunhão (Mt 18.20).
O onde e o como, o ser e o estar, o fazer ou não fazer, o sentimento e a consciência, devem corroborar nossas relações com o Senhor – uma relação de Pai e filhos, efetiva e indestrutível.
A cena da última ceia ensejou, contraditoriamente, a última e a de sempre, porque já anúncio de que se repetirá na glória (Mt 26.29 e refs.), onde nenhum interposto afastará os discípulos do seu Mestre.
O cenáculo, assim, fala-nos do sempre – no interregno entre aquele auspicioso momento e a eternidade – até porque, aduza se, para estarmos “sempre” com Deus precisamos dele não nos afastarmos.
A cena é, a um tempo, contraditória e emblemática. Nada mais heterogêneo que o grupo dos discípulos de Jesus. Nada melhor indicativo do que seria a igreja de todos os tempos.
Ali se “somavam”, num milagre da graça: preconceito e xenofobia; incredulidade e fé; grosseria e fineza; ternura e afobação; intrepidez e fuga (não estratégica); desconfiança e desonestidade etc. Estas contradições ou incongruências, típicas de homens ainda não de todo controlados pelo Espírito do Cristo.
Diferentes perfis – um corpo. Uma cabeça, um coração – o Senhor.
A cena, por vezes, contradiz o cenário tão bem arrumado, e o conteúdo do ato, divinamente encenado, na peça e no protagonista.
A cena leva-nos a pensar mais detidamente no que temos feito, como nos portamos em momentos sublimes de adoração e de comunhão espiritual com os nossos irmãos.
Os irmãos são iguais, conquanto diferentes; têm o mesmo valor; ocupam o mesmo espaço no coração de Deus. O mesmo cálice é repartido por todos… (Lc 22.17b).
Não vale (re)pensar o que temos sido e feito?
