- novembro 10, 2024
- Pr. Válter Sales
Em Jesus, a alegria imiscuiu-se na consciência da missão, e mesmo o que lhe seria uma necessidade básica não colidiu com a vontade soberana do Pai (Jo 4.34).
Pode-se chorar por dentro e por fora. As lágrimas que tremulam pela face são visíveis, e doem menos, porque entornam. O choro interno – choro da alma – encharca a interioridade.
A dor que dói por dentro é mais dolorosa. Fere as entranhas. É reservada e silenciosa.
Não há registro de um Jesus às gargalhadas…, ou, simplesmente, sorrindo. Ele deveria ser alegre, feliz, conquanto incompreendido mesmo pelos seus irmãos (Jo 7.5).
Imagino que sua compenetração e devotamento à árdua missão não lho permitissem extravasões fáceis. Jesus viveu inteiramente voltado para um múnus doloroso, que culminaria no Calvário.
Em verve eloquente, o pregador Rubens Lopes declarou: “Ele nasceu para morrer como nós nascemos para viver”. Retórica, apenas? Decerto, não.
Jesus foi homem sofrido (“homem de dores” – Is 53.3). Sofreu por nós, verdade essa, creio, não ainda considerada em seu elevado grau de importância.
No Getsêmani, Ele deve ter chorado a cântaros; um choro sentido, convulso, espremido na alma; na expectativa de uma dor mais atroz.
“Metade nunca se contou do amor…” diz um dos nossos velhos e queridos cânticos.
Os ditos não precisam ser extensos para que expressem muito. Há grandeza em João 11.35 – “Jesus chorou”, ao encontro dos seus amigos em Betânia.
Há delírio do povo, que o aclama Rei, mas Ele chorou ao entrar em Jerusalém, vendo a Cidade Santa e antevendo o que lhe adviria (Lc 19.38, 41-44).
Caminhando ao Calvário, Ele consolou as mulheres que choravam, e apontou outra razão para as suas lágrimas (Lc 23.28-30).
O drama do Calvário, que culminou com a morte do Justo, não foi o fim. As sucessivas gerações ouviram e hão de ouvir a história da Redenção e do mistério da morte que gera a vida.
Mistério porque a vida promana das entranhas da morte de Jesus.
